Utilizamos cookies para garantir melhor experiência em nosso site. Ao navegar em nosso website, você concorda com esses termos.

Direitos dos idosos têm avanços, mas ainda há muitos desafios

Direitos dos idosos têm avanços, mas ainda há muitos desafios


Criado em 2003, o Estatuto do Idoso trouxe à pauta a necessidade de discutir políticas públicas e programas adequados para atender a esta parcela populacional. Entre os motivos para comemorar, nos últimos dez anos, estão as prioridades nas filas, farmácia popular, gratuidade no transporte coletivo urbano, estacionamentos específicos e acessibilidade a eventos culturais com meia-entrada.

No entanto, a população brasileira está envelhecendo significativamente e o País terá que aprender a lidar com esse novo perfil. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE),atualmente, 23,5 milhões de pessoas têm 60 anos ou mais. Esse número deve triplicar. Segundo estimativa do IBGE, em 2050, elas serão 66,5 milhões de brasileiros.

O advogado, membro da Comissão dos Direitos da Pessoa Idosa da OAB/CE e Conselheiro Titular do Conselho dos Direitos da Pessoa Idosa de Fortaleza, Dante Cristino explica que os direitos da pessoa idosa "estão compreendidos na nossa Constituição e pelo ordenamento jurídico brasileiro como um todo".

"Com maior ênfase e especificidade se encontram leis que disciplinam o papel de destaque da pessoa idosa perante nossa sociedade; refiro-me ao Estatuto do Idoso e Política Nacional do Idoso". Dante acrescenta que esses são avanços no âmbito jurídico.

O especialista destaca que o Estatuto do Idoso abarca necessidades que vão do direito à dignidade e vida ao socioeconômico. A lei prevê diretrizes para casos de violência e abandono de idosos, saúde pública, privada e garantias de lazer e cultura à pessoa idosa.

"Vai muito além do que se imagina para uma lei que garante direitos dos idosos. É um mecanismo normativo de empoderamento da população idosa que, ao conhecer seus direitos, passa a exigi-los", disse.

A Presidente da Associação Cearense Pró-Idosos (ACEPI), Walda Moura, reforça as conquistas. "O idoso aparecer nas agendas políticas e planos do governo municipal e estadual, como as criações dos Conselhos de Direitos, das Promotorias do Idoso: dar visibilidade às denúncias dos casos de violência do Disque 100 e encaminhamentos de punição , consideramos conquistas mais relevantes", enumera.

Longo caminho


Apesar dos avanços, os desafios na terceira idade ainda são muitos. A presidente da Acepi explana que, na prática, algumas dessas medidas não funcionam. "As propostas contidas nos planos de governo municipal e estadual da última década, pouco se efetivam dada a ínfima alocação de recursos e a precária estrutura política administrativa".

Walda aponta ineficácia no atendimento a serviços de saúde, quanto à prioridade no atendimento ambulatorial e hospitalar. Assim como filas em estabelecimentos. "Tem um caixa especial e não o atendimento preferencial nas demais filas como determina a Lei municipal", exemplifica.

E ressalta a necessidade de uma educação inclusiva intergeracional do ensino fundamental na universidade, com intuito de abordar as temáticas do envelhecimento, além de uma articulação na rede sociossistencial, abrangendo todos os seviços.

A especialista acrescenta o que é preciso melhorar em termos regionais: "o apoio financeiro do Estado às inciativas particulares, considerando que só existe um Instituto de Longa Permanência para Idosos (ILPI) público em Fortaleza, quando se sabe que a demanda é crescente".

Os desafios sociais ainda são uma peleja para os idosos. Walda dá como exemplo o estigma de que na terceira idade as pessoas são improdutivas e diversos tipos de violência contra o idoso.

Segundo dados Ministério dos Direitos Humanos, em 2016, houve mais de 65 mil casos de denúncias de violência contra pessoa idosa, desde a negligência familiar, agressão física e psicológica.

"Observa-se alguns avanços na situação social do idoso no Brasil, idoso de classe média e alta, tendo em vista o conhecimento e a capacidade de cobrar os direitos contemplados pelo Estatuto do Idoso, embora esse idoso tal qual os demais idosos das classes menos favorecidas sofram violência doméstica, física, psicológica, financeira e institucional, considerando que o Estado é o principal violentador dos direitos, à medida que não implementa as políticas e os programas que são de sua competência e responsabilidade", conclui a presidente.

Em situações de violência, o advogado Dante Cristino orienta procurar os órgãos responsáveis. "Em todo caso, a Comissão dos Direitos da Pessoa Idosa da OAB/CE, o Ministério Público, a Defensoria Pública, o Conselho Municipal dos Direitos da Pessoa Idosa de Fortaleza, as Polícias Militar e Civil, estão à inteira disposição da população para esclarecer dúvidas, receber e processar denúncias, bem como encaminhar as demandas para as autoridades competentes e para o Poder Judiciário".

O CUIDAR IDOSO não se responsabiliza, nem de forma individual, nem de forma solidária, pelas opiniões, ideias e conceitos emitidos nos textos, por serem de inteira responsabilidade de seu(s) autor(es).

Fonte: http://www.opovo.com.br/