O idoso não é mais o mesmo
Apesar de avanços, público precisa de mais qualidade de vida, segundo especialistas.
Ela frequenta academia, faz aulas de dança, sai com as amigas e viaja. Não é uma jovem, mas uma idosa. Para a aposentada Carmem Brochado, 76 anos, não falta disposição. "Não tenho nenhuma doença, nem tomo remédio", revela Carmem. Tricotar, assistir televisão e esperar o tempo passar está longe de ser o perfil da terceira idade, para muitas pessoas. Juntos os idosos representam 12% da população brasileira, passará a 30% em 2050, saltando de 24,4 milhões a 70 milhões de pessoas, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).
Muito avançou, mas, segundo o presidente do Centro Internacional para Longevidade no Brasil, Alexandre Kalache, ainda há um longo caminho para melhor qualidade de vida após os 60 anos. "A voz do idoso precisa ser ouvida, em todos assuntos em que é envolvido, como transporte, moradia, acesso a informação", salienta Kalache e defende a implementação de políticas públicas que garantam os avanços necessários.
Saúde e disposição
Nos grupos de atividades, a dona de casa Clara Fagundes, 75 anos, encontrou uma segunda família. "Sou sozinha, os filhos saíram de casa e aqui fiz grandes amizades", diz participante de um projeto para a terceira idade. Trazer atividades físicas e artísticas também trouxeram saúde e alegria para a vida de Clara. "Não fico doente e me sinto muito bem", revela. A amiga, Carmem, também garante que o segredo da boa saúde e do bom humor está na atividade física.
Aprendizagem
A aprendizagem é um estímulo que pode ser transformador para idosos, segundo Kalache. "Precisamos de uma resposta do poder público", argumenta o Centro Internacional para a longevidade no Brasil, que também defende o maior diálogo entre gerações. "Isso influencia na autoestima e transforma vidas".
Papel social
Os grandes problemas estão relacionados ao papel do idoso na sociedade, para o presidente da Associação Nacional de Estudos e Pesquisas sobre Envelhecimento, Fábio Alonso. " A sociedade é pautada pela produtividade, estética e beleza. Esses padrões precisam ser modificados para colocar o idoso em função social", analisa. Alonso também aponta que é preciso maior identificação com o envelhecimento, que a longo prazo atingirá boa parte da população. A família também precisa ser conscientizada, já que o pesquisador indica que nestes ambientes que ocorrem muitos abusos contra idosos.
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